Abriu-se a Arca do Tempo!
Uma chieira
persistente, enquanto o movimento de rotação sobre os gonzos se fazia sentir,
incomodava finamente a audição, um misto de sons agudos e graves,
desconcertados, fazia-se ouvir e suspeitar do conteúdo pelo muito tempo passado
desde que foi aberta pela última vez…
Pela fina frincha,
entre a tampa e a borda da caixa, sai de imediato um enorme espaço, volúvel,
como que um bálsamo inebriante que gostosamente nos envolve e transporta
através do tempo, para tempos imemoriáveis, dando-nos uma sensação de prazer,
indelével, que gostosamente abraçamos e, de sorriso sublime, nele embarcamos…
Surge-nos, ao
longe, um SOTÃO DE MEMÓRIAS…
Espaço onde o
sentimento se expande, onde o dar é antagónico, onde o saber se desenvolve e
dilata, onde a troca é possível e desejável.
É condição básica e
necessária, para utilização e usufruto do espaço, a necessidade de partilhar e
trocar conhecimentos!
Na gândara tudo se
troca! Batatas por fruta, influências por trabalho, tempo por tempo, trabalho
por trabalho, saberes por sabores, sorrisos por sorrisos, amizade por nada, e,
no fim, quando nos dispomos a dar desinteressadamente, verificamos que
recebemos muito mais do que o que demos e saímos mais ricos do que entrámos!…
Lá está saliente o
nosso orgulho nas origens!
A genuinidade está
por todo o lado. Riqueza sublime, conhecimento profundo da realidade e forma de
vida.
Não existe rico nem
pobre!
Todos são
remediados, uns mais bafejados pela sorte que outros, de sorriso mais pronto e
espontâneo, são os que menos se incomodam com o material, … o pão nosso de cada
dia lhes basta!
Todos vibram com os
acontecimentos inusitados que afetam cada um e todos os elementos que integram
o grupo/sociedade de que fazem parte.
Respeitam-se
mutuamente! Unem-se em torno de projetos e objetivos comuns…. Alcançam a
felicidade lutando e construindo pontes, assentes em sólidos muros que todos
utilizam para ir mais além rumo á felicidade e deixando, á passagem, desbravados
caminhos para simplificar e facilitar a passagem aos vindouros…
São, somos,
…GANDARESES DE GEMA!
Terreno arenoso, consequentemente pobre, plano,
onde os habitantes, praticando uma agricultura intensiva, vão revolvendo quase
diariamente as terras, no intuito de as oxigenar, fertilizar e delas tirar o
maior proveito em termos de produção agrícola.
Designações como "uchas", "areias", "palhais", "fojos", "cabeças pintas", "chão velho", "costeirinha", "moitas altas", "Quinta da ciana", "quintas", "serbatinho", "foros", "areia rasa", "barros", "alto da fonte", "brajeira", "cabaços", "canto de cima ou de riba", "barrocas", "fonte da meneza", "cova do baltazar", "joinais", "covadinha", "fojo da pacha", "ribeiros", "peixota", "seixo dalém", "geiras", "olarias", "baleira", "broão", "águas férreas", "baleira da bruxa", "pinhal redondo", "pinhal do fojo", "mato do seixo", “Coroal”, “terra das canas”, “Ribeiros”, “Sardas”, “Cova da Rabeca”, Lagoa da Limpa” referem-se a zonas determinadas da área da Freguesia do Seixo, que todos ou quase todos os habitantes da Freguesia sabem localizar com exactidão. Muitos deles foram usados como topónimos para as ruas dos lugares, propostos e aprovados por uma comissão de moradores constituída pouco antes da criação da Freguesia Civil.
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