
Tenho razões para ser gandarês : Sou neto da "Ti Manca", do "Ti Zé da Domingas", da "Ti Alzira da Reboca"! Forma simples que encontro para com eles dialogar, fazer com que nunca sejam esquecidos, que os meus filhos, amigos e todos os que a este blog se desloquem, deles se lembrem. Deles e doutras personagens a quem me curvo pela sabedoria, pela forma de vida, pela maneira de estar, pela influência que em mim tiveram, pelo sorriso que ainda ostentam nas imagens que os perpetuam no Campo Sagrado.
terça-feira, 8 de julho de 2025
... está o milho com altura bastante e mesmo a pedir para ser desbastado e “achegado” e abertas as regadeiras, pois o verão já se adivinha e, desta terra, terá que sair o sustento para um ano de toda a casa. Uma das caixas leva sessenta alqueires e a outra, embora mais pequena, precisa de quarenta e oito para ficar cheia. O milho está amarelito, queira Deus que não apanhe arejo e tudo se há-de arranjar, pois logo na primeira rega vamos “botar-lhe o buano” apropriado e ele dará o salto. Mas, vamos lá abrir as regadeiras.
quarta-feira, 2 de julho de 2025
…
Houve tempo para
embarcar numa viagem, curta, ao passado! Andei por Vale Matança, Varrozelha, Murta
e por Beja, integrando os Ranchos do Ti Domingos Lopes e do Ti Joaquim
Artilheiro, do Ti João Maria Doca (Estive com eles na roça e arrozais do José
Marcelino até que lhes faltou a farinha!) fui ás olarias, e por lá vi andar o
Ti Aurélio Redondo, o Ti Arménio Rocha, o Ti Albano do Russo, o Ti João do
Carvalho… Fui depois até ao Judeu dos Olivios no Alto das Fontes e dei por mim
em amena cavaqueira com o Ti Manel, mesmo junto á réplica do Judeu colocado na
Rua dos Moliceiros, logo ali, ao lado do Centro Social Paroquial e ao Parque de
Merendas de S. João.
Que gratas imagens
guardo da euforia da “entronização” do judeu, do seu transporte desde o local
do fabrico, da construção em adobe da sua base, do bonito que ele ali ficou e do
ar de graça que davam as suas velas enfunadas pelo vento que as fazia mover quando
soprava dos lados da Barra!
Que orgulho
manifestava o Ti Daniel olhando para a obra feita e que descrições fazia
daquilo que se recordava dos tempos de então. A que amigáveis discussões
assisti, contendas entre familiares, acerca da necessidade de ver corrigidos
alguns pormenores no feitio do moinho em causa. As partes lá teriam a sua
razão, mas falavam de coisas diferentes … mas que era bonito, lá isso era. Por
fora, além de moinho (sim porque no seu interior nada havia!) era para quem o
observava um veículo que nos transportava no tempo e permitia uma volta pelos
lugares mais próximos do Seixo, em romaria aos sítios onde outrora estiveram em
actividade moinhos (de água e de vento) e azenhas. Para aqueles eram carregados
os taleigos de milho que eram recuperados na Sexta-feira á noite ou no sábado
de manhãzinha, tendo em vista a fornada que se faria ao sábado á noite e que
teria que dar para a semana inteira. Mais recentemente já assistíamos á recolha
dos taleigos, porta a porta, em carro puxado por um boi, por gentes que moíam
nos moinhos do Casal de S Tomé ou outros existentes ao longo da Veia Real
(Moinhos do Arraial, Moinhos da Areia, Moinhos da Lagoa, Moinhos do Praina,
Moinhos da Fazendeira…), curso de água que, com origem nos Olhos da Fervença,
encaminhava aquele líquido até ao nosso braço da Ria de Aveiro. Chegados ao
Moinho, descarregavam os sacos (taleigos) com o milho a um canto do moinho, e
voltavam a carregar o carro do boi com os taleigos das pessoas que moravam na
volta que iriam dar no dia seguinte, descontada que estava a maquia, para
pagamento do seu trabalho. E o ritmo diário era sempre o mesmo, alterando
simplesmente os locais de passagem para servir um maior número de interessados.
“Mas
voltemos ao nosso Judeu. A força do vento e os efeitos do tempo que não pára,
vão roibando a resistência aos materiais que corporizam o dito monumento e
fazendo com ele aparente estar velho. Por duas vezes já os seus efeitos se
fizeram sentir fortemente. Da primeira vez, as velas rotas e abandonadas,
foram substituídas e recolocadas e alguns dias houve em que a vida voltou
àquele espaço com o vento que ali se fez sentir sobre elas, mesmo girando em
sentido inverso àquele que deveria girar (calhando união dos baraços á espia e
madeira contrária ao que deveria ser, digo eu, leigo na matéria!). Mais recentemente,
estou em crer que pelos mesmos motivos e com a mesma origem (as forças da
natureza e o tempo que corre…) apareceu partido o eixo, suporte das velas, e
caído junto ao corpo do moinho, qual membro decepado dum corpo indefeso e sem proteção,
ali ficando durante alguns dias até que alguém o retirou e fez transportar para
local onde vai, concerteza, ser recuperado e posteriormente reposto. Aproveitando
a acção contínua e incontida dos elementos da natureza, alguém, mesmo por cima
da fechadura, e dado que a madeira da porta é pouco resistente, abriu um óculo,
para observação do interior do moinho. Chegou a falar-se em utilizar aquele
espaço para efectivar uma exposição fotográfica relacionada com o ciclo do milho,
do trigo, do centeio, da cevada… e tantos outros cereais outrora cultivados nos
terrenos agrícolas que circundam o Seixo, pelas suas gentes … (Enganei-me! o Judeu, foi-se!)
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
MATANÇA DO PORCO.
A matança do porco – pretexto para a reunião da família, dos amigos e vizinhos e motivo para os repastos conjuntos, onde a fartura da carne não impede o vinho de ser rei.
A matança do porco pode ir até inícios
de Fevereiro – começa no S. Martinho (11 de novembro!), sempre de madrugada –
beneficiando do tempo mais frio e a constituir, na grande parte das aldeias
portuguesas, uma das mais tradicionais celebrações familiares rurais.
Ocasião festiva e acontecimento que se
reveste de particular importância do ponto de vista económico, uma vez que as
carnes, os enchidos, o toucinho e a banha representam alimentos fundamentais da
família ao longo do ano, a matança do porco encontra-se associada a algumas maneiras
e rituais mantidos até hoje no seio da comunidade rural.
Em certas localidades, antes do porco
cevado ser agarrado, continua a observar-se o hábito, dos donos do porco,
oferecerem a quem toma parte na matança figos secos, vinho e aguardente.
Laçado por uma perna, ainda no curral, o
animal é trazido, em alta gritaria e com esforço dos “seus algozes” até junto
do carro da vaca ou dos bois, previamente preparado sem taipais e só com um
fogueiro num dos cantos do arrecavém.
Por vezes e dado o peso do animal e a
eventual pouca força dos presentes, só homens (as mulheres ocupavam-se das
lides da cozinha e só apareciam para trabalhar quando o animal estivesse já
morto, chamuscado, lavado e pendurado, pronto a ser esventrado de tripas) era
usada uma panca que, passando por baixo da barriga do porco e assentando no
varal do carro/carroça) manobrada com destreza por um forte e afoito, de
repente, dava a volta ao porco e este aparecia em cima do carro, sendo então
necessário saltar-lhe para riba para que não se levantasse e pudesse ser colocado,
com as pernas para o arrecavém, do carro, amarrado ao fogueiro, e o focinho
amarrado com outra corda a um dos varais.
A mão de baixo pertencia ao matador
segurá-la e coloca-la de maneira a que não falhasse a facada. A de cima era
segura por um homem, fero e rijo, que se colocava por detrás do porco, lhe
dobrava a outra mão e o impedia de se movimentar, de modo a poder ser sangrado.
O sangue do animal, o primeiro que sai
do corte da faca, foi recolhido num alguidar de barro vermelho e retirado para
local seguro e sossegado para coalhar, não sem que antes disso o matador lhe
fizesse um corte em cruz.
Todo o restante, o que sai ainda até que
o porco deixe de ter vida, é recolhido noutra bacia ou tacho a que se adicionou
já cebola, sal, alho, vinagre e, ou vinho e vai-se mexendo sempre com uma
colher de pau para não coalhar, só parando esta operação quando o sangue se
encontra completamente frio.
Porco morto, nova pinga prá goela!
Depois é jogado abaixo do carro, mesmo
na estrumeira, dando-se então início ao chamuscar do bicho.
São carregadas agulhas secas e enxutas
para perto do porco. Foi já feita uma tenaz com duas varas de pinheiro para
movimentar as mãos cheias de agulhas, acesas, que percorrerão todo o corpo do
animal queimando-lhe todos os pelos. Já trabalha a pá do forno raspando a cinza
e negro que se vai acumulando para ver se é necessário aproximar mais fogo ou
seguir em frente.
Dois homens encarregam-se de queimar e
arrancar as unhas ás patas do porco.
Todo chamuscado dum dos Lados, é hora de
virar!
Mas, se há uns que querem virar, outros
há que não deixam e só vira depois de haver nova rodada de mata-bicho!
Foram trazidas duas telhas salgadeiras
para colocar, uma sobre a mão outra sobre a perna, que fica por baixo, para que
o fogo as não queime.
E recomeça o trabalho da chamusca!
Chamusca efetuada, é arranjado um espaço
mais limpo alguma coisa para colocar o porco e o lavar. É preciso uma telha
salgadeira, uns torrões de adobes e sal. Tudo isto para lavar o corpo, as patas
e as orelhas do animal.
Animal lavado convenientemente é
colocado de pernas e mãos para o ar, é descoberto o tendão nas patas traseiras,
junto ao joelho, e por ali é enfiado o chambaril.
As patas são mantidas abertas, separadas
uma da outra, para facilitar o trabalho que vem a seguir.
Organiza-se depois o cortejo em direção
à cozinha ou à casa da arrumação, com o porco sobre sacos e pegando os homens
uns de cada lado para atrás da porta, onde foi
passada uma corda, próximo da parede, pelo barrote, para assim pendurar
o porco.
Pendurado pelo «chambaril» (um pau curvo
e duro) que se lhe enfiava nos «jarretes», parte posterior da articulação do
joelho das pernas traseiras do animal), na casa de arrumação ou na cozinha do
lume, de cabeça para baixo, tarefa nem sempre fácil a que alguns dos presentes ainda
se opunham gritando bem alto que «se o mata bicho não vem, o porco não sobe!
Nessa posição é aberto pela barriga, um corte de cada lado sendo-lhe retirada em primeiro lugar a tira de gordura, peituga e carne da facada, com febra no interior que vai de entre as pernas traseiras até à parte inferior do pescoço e cobertura da queixada. De seguida são retiradas as tripas (vísceras e intestinos) (miudezas) que são entregues às mulheres e colocadas sobre uma mesa onde o matador e estas se vão encarregar de separar as tripas (intestinos) retirando-lhe o máximo de gorduras para depois serem levadas à vala, com água corrente, para as lavar convenientemente virar o interior para fora e cortar em tamanhos que permitam, depois de tratadas, ser cheias com carne (chouriças) ou com sangue e as gorduras arrancadas das tripas.
O toucinho ou entremeada encontra-se
agarrado, de lado, às costelas e aos lombos. Assim arranjado o porco, este é borrifado
com vinagre, por causa das moscas e embrulhado com lençóis velhos, ficando
assim até ao outro dia de manhãzinha.
O porco fica assim pendurado para
escorrer e arrefecer.
De manhãzinha, estende-se uma coberta de
trapos ou sacos de sisal sobre o chão da divisão onde o porco ficou pendurado altura
em que a carne é «desmanchada», separando-se as «peças» destinadas ao fumeiro (chouriças
e morcelas) e as que vão ser guardadas no caixão (salgadeira!), conservadas no
sal.
As primeiras a sair eram o toucinho,
carne branca, sem febra, com a altura de quatro ou cinco dedos (ou mais!) que
serviriam para adubar as sopas ou fazer quinhões para molhar as batatas abertas
ao meio…
Lembrar ainda que, algumas peças do
porco, as mais gulapeiras, já não chegavam a entrar no caixão, eram dadas ao
Sr. Dr., ao Sr. Prior, a algum vizinho mais chegado…e assim começava o porco a
desaparecer do caixão sem nunca lá ter entrado!
Ah, o Stº António também tinha um
quinhão: como era o protetor dos animais, calhava-lhe sempre um pezunhito…
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
…pouco passava das seis horas e
meia da manhã e já se ouvia o baque surdo que saía pelo telhado do espaço
daquela casa, que tudo indicava que fosse a cozinha. Sabia e conheci muito bem
quem lá vivia, mas nunca me atrevi a ir “bisbilhotar” a origem daquele ruído e
efeitos que se pretendiam.
Nesse dia, acordei um pouco
mais cedo e fiquei a fazer tempo para ouvir os baques que tanto ansiava,
Pouco tardou.
Pelas frinchas das telhas
marselha que cobriam o espaço, colocadas diretamente sobre as ripas e sem
qualquer forro, surgiu uma ténue luz, muito amarelada, tremeluzindo e dando
vida ao espaço em causa.
Sai de minha casa, percorri o
caminho que me separava da casa para onde me dirigia e, sem anúncios, abri o
portão, que normalmente estava destrancado, para permitir a entrada franca a
todo e qualquer um que ali se dirigisse.
Estava aberta a porta da
cozinha, situada ao lado do curral das vacas, existindo entre as duas divisões,
um telheiro que albergava o forno onde se cozia a broa, todos os sábados.
E lá estava ele! Sentado num
banquito de madeira, tamancos calçados nos pés, pernas abertas, e sobre a
grelha de ferro uma panela de folha, para cozinhar aos porcos e uma cafeteira
com água para ferver e fazer o café.
Sob a grelha ardia já uma pinha
e, Ti Manel, com uma enchó na mão direita e um rachão na mão esquerda, ia dando
machadadas naquele para fazer aparas, transformando-o em pedaços mais pequenos
e atiçar mais rapidamente a fogueira, debaixo da panela e da cafeteira. A Maria
já andava pelos currais a tratar do gado miúdo, aguardando que ele a chamasse
para tomar o café. Tinha á sua beira também um grafado de trancas e gravetos e,
encostado ao canto do borralho, uma gabela de agulhas para acender o lume e o
forno, mais logo à tarde para cozer a broa para a semana.
Fogueira bem acesa, água
colocada na cafeteira, colocou-a junto à panela que se encontrava já cheia de
batatas, couves, abóbora cortada aos bocados e água, afim de que esta recebesse
também o calor necessário para que a água fervesse e pudesse juntar-lhe uma
colherada de pó, de café do bom, que mal caía na água, logo exalava um
cheirinho que se espalhava por toda a casa.
Chamou pela Maria, que já tinha
feito as camas ao gado graúdo e tinha-lhe posto na “majadoira” um grafado de “carapitas”,
a que as vacas e a bezerra se atiraram logo.
Levou a lavagem para a pia dos
porcos, pôs-lhe umas engaçadas de agulhas nas camas, cortou-lhe meia dúzia de
beterrabas, colocando-lhas na pia, e dirigiu-se à casa da arrumação donde tirou
meio crivo de milho da caixa, e levou para a cerca das galinhas.
Aproveitou os sete ovos que
estavam no ninheiro e foi ter com o seu homem para tomar o café e chamar os
filhos para que se arranjassem e fossem para a escola.
A Maria iria com o taleigo á
cabeça, cerca de uma arroba de milho amarelo, ao moinho do ti Artur, afim de o
trocar por fina farinha e assim poderem cozer a broa, à noite…
…
terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Os Sinais são avisos...quem os despreza
hoje poderá chorar amanhã.
(Quando virem um ramo de figueira
tornar- se verdejante e as folhas a aparecerem, sabei que o verão está
próximo...)
É assim que hoje somos, pela Palavra,
alertados a estarmos atentos, porque por eles, percebemos e sentimos a presença
de Deus na nossa vida.
Sabemos que nada deste mundo, e ele
próprio, é eterno.
Sabemos também que não está nas nossas
mãos o dia, a hora ou modo do nosso fim, bem como o fim do mundo.
Apocalipse, não significa o fim, na sua
origem grega queria dizer mudança, alteração substancial.
É para essa alteração que devemos estar
sempre preparados.
A linguagem do Evangelho é, apenas e só
para nos lembrar que Deus continua e continuará próximo de nós e que a s Sua
Palavra não perde valor.
Aconteceu recentemente (comemorado?!) o
Vlll Dia dos Pobres.
Limito-me somente a reproduzir palavras
do Papa Francisco, na sua Mensagem:
“A violência causada pelas guerras
mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos
aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis.
Quantos novos pobres produz esta má
política das Armas, quantas vítimas inocentes!
Contudo não podemos recuar.
Sabemos que cada um destes pequeninos,
traz gravado em si o Rosto de um Filho de Deus. E que a nossa solidariedade e o
sinal da Caridade cristã, deve chegar a cada um deles…”
sábado, 16 de novembro de 2024
10 Princípios poderosos que podem transformar sua forma de ver o mundo e te ajudar a viver melhor:-
1.
A morte não é a maior perda da vida. A maior
perda é estar morto por dentro, enquanto ainda estamos vivos. Quando você vive
sem sonhos, sem metas. Apenas existindo, não está realmente vivendo.
Levante-se! Defina objetivos, sonhe grande e vá atrás do que faz seu coração
bater mais forte.
2.
Cuide do seu corpo porque ele é o único lugar
onde você vai morar por toda a vida. Se você não se cuidar, ninguém pode fazer
isso por você! Então, comece hoje mesmo a se alimentar melhor, fazer exercícios
e cuidar da sua mente. Seu corpo é a sua casa e cuidar bem dele é um ato de
amor próprio.
3.
Aprenda a sair da mesa quando o respeito não
estiver mais a ser servido. Não perca seu tempo com pessoas que te puxam para
baixo, que desrespeitam ou que não acrescentam. Cerque-se de quem te incentiva,
que te faz crescer, que quer ver você feliz. O tempo é precioso de mais para
ser desperdiçado com o que não agrega.
4.
Você nunca é velho demais para definir uma
nova meta ou sonhar um novo sonho. Não importa quantos anos você tenha, sempre
há tempo para recomeçar, para seguir um novo caminho. O importante é nunca
deixar de sonhar e de buscar algo que faça a sua vida valer a pena.
5.
O passado é um lugar de aprendizado, não de
residência. Não viva preso ao que já passou, as mágoas ou arrependimento.
Aprenda com as suas experiências, tire lições, mas siga em frente. A vida é
movimento e olhar para trás por muito tempo pode te impedir de ver as novas oportunidades
que estão bem diante de você.
6.
Gratidão é a chave para a verdadeira
felicidade. Quanto mais você agradece, mais percebe o quanto já tem. A
felicidade não está em ter tudo, mas em valorizar o que já conquistou. As
pessoas que estão ao seu redor e as pequenas alegrias do dia a dia. Cultive a
gratidão e a sua vida será transformada.
7.
O medo é um dos maiores ladrões de sonhos.
Muitas vezes deixamos de agir por medo e falhar, de sermos julgados ou de não
sermos suficientes. Mas a verdade é que o fracasso faz parte do caminho.
Enfrente seus medos de frente, tome coragem e avance. Você vai perceber que o
medo diminui a cada passo que você dá.
8.
As coisas mais valiosas da vida não podem ser
compradas. O amor, a amizade, o tempo de qualidade com quem você ama. Esses são
os verdadeiros tesouros da vida. Não gaste toda a sua energia em busca de bens
materiais, mas sim em construir relacionamentos sólidos e viver momentos que
tragam sentido à sua vida.
9.
Não compare sua vida com a de outras pessoas.
Cada um de nós tem seu próprio caminho, com desafios e conquistas únicos. A
comparação é a ladra da alegria. Foque em ser a melhor versão de você mesmo a
cada dia, celebres suas vitórias e aprenda com seus erros. Sem se preocupar com
o que os outros estão fazendo.
10.
Nunca subestime o poder da fé. A vida pode
ser cheia de incertezas, mas quando você tem fé, encontra força para continuar
mesmo nas adversidades. Acredite que apesar dos desafios, tudo está acontecendo
por uma razão e que o melhor ainda está por vir. Se você se identificou com
esta mensagem e quer mudar sua vida. Lembre-se que DEUS está ao seu lado em
cada passo.
sábado, 5 de outubro de 2024
O alinhamento dos poços nos terrenos das
redondezas, deram-lhe uma ideia quanto ao local que lhe parecia melhor para
abrir o poço. Esta era também a ideia do Ti Jarolmo, mestre que iria fazer o
balseiro. Seria com toda a certeza a localização dalgum veio de água que os
alimentava a todos e lhe daria a ele também a possibilidade de fazer com que o
terreno produzisse mais fartura pra casa.
…o ano ia de feição para este trabalho.
Muito seco, e o nível freático estava bem fundo, fato que permitiria levar o
poço bem lá para baixo, pró quinto dos infernos.
Há dois dias juntaram-se seis valentes
(Ti Manel, os dois filhos e os compadres!) e marcaram e fizeram a escavação, com
a junta de bois, jungida pela canga e ligada por forte tirante ao rodo. Guiava
os bois para a frente e para trás e o filho manobrava o rodo, arrastando-o para
trás e garantindo que se mantinha em posição de rodar a areia, pela força dos
bois, para o monte algo distante do local do poço, no sítio onde o ti Jarolmo
marcou para que ali fosse construído o balseiro para o poço que queria viesse a
dar água para regar o quintal que tanta fartura dava e onde a filha tinha
construído a casa. E que bonita que ela estava!
A data do casamento aproximava-se e Ti
Manel fazia questão que tudo estivesse perfeito para dar bom princípio de vida
à filha e futuro genro. Até já tinha apalavrado uma junta de bezerros e uma
vaca cheia para lhe meter no curral.
O compadre estava disposto a fazer-se
brioso e estavam a dar-se muito bem.
Vezes sem conta disse à filha que
apanhasse tino na cabeça. Que não se deixasse ir em lérias pois quem casa fora,
ou engana ou é enganado. E ela, nesse aspeto, deu-lhe oividos. Honra acima de
tudo. Honra e respeito pelos pais e seus conselhos. Estava muito satisfeito com
a escolha acertada que a cachopa tinha feito.
E o compadre era da mesma opinião! Já
tinham ido ao Samoical cortar três pinheiros barcais, cheios de cerne, e ido
com eles á fábrica ao Cabeço, cortá-los como mandou o Jarolmo, mestre na arte
de construir o balseiro e outras alfaias, nassairas para uma casa.
Era também ele quem iria construir um
carro de bois, um de três rodas e um de mão para apetrechar a casa.
Era o monte de madeira que se via
empilhado mesmo junto à escavação onde era para fazer o poço. Eram barrotes,
tábuas, umas mais finas que outras, que aguardava as mãos do mestre para obrar
o balseiro e, feito este, dar em afundá-lo e levá-lo à água, tão fundo quanto
possível para que não faltasse o precioso liquido nos momentos fortes do verão
e a seara se não ressentisse.
Ti Manel, o compadre e os filhos
prestaram-se a servir o ti Jarolmo, colocando-lhe á mão, o material que lhes ia
pedindo.
Colocaram no fundo, muito próximo do
meio exato do poço, uma burra para ser suporte da madeira a cortar à medida
exata.
Ti Jarolmo começou por cortar algumas
tábuas, das mais grossas, que achava compridas, para fazer a cambota,
redondinha.
Passou depois, com lápis que tinha atrás
da orelha, a fazer as marcações tendo em vista os cortes para a junção das
tábuas.
Feito este anel, pediu bocados de tábua
com meio metro de comprimento e enregou a prega-los de maneira a unir as tábuas
inicialmente colocadas.
Feito este trabalho, deu início ao corte
dos barrotes, com um metro de comprimento e cortes nas pontas em meia
esquadria. Á medida que ia cortando, ia-os colocando, formando um “xis”
assentes e pregados na cambota.
Este trabalho realizado, houve necessidade
de fazer novo anel, também com tábuas grossas para, à semelhança do primeiro,
assentar sobre os barrotes e fixá-lo convenientemente com pregos. O poço tinha
quatro metros de diâmetro, certinho nas medidas, medindo fosse de que ponto
fosse da cambota, conquanto que passasse sobre a estaca que assinalava o meio.
Estando feita esta roda gigante, o
esqueleto do balseiro, Ti Jarolmo, começou a cortar tábuas, ligeiramente mais
finas que as primeiras, com um metro de comprimento e, munindo-se da sua enchó
deu em afiá-las numa das pontas, pregando-as depois aos aros, do lado de fora
destes, com a parte afiada para baixo e a mais fina virada para dentro. Andou
neste trabalho dia e meio… e o balseiro ficou pronto para se poder fazer o
poço…”
"...no dia apalavrado, manhãzinha
muito cedo, Ti Quintino aparece com a sua junta de bois, animais de porte e
respeito, com uma carrada de paus de meda, roldanas, e gamelas de ferro, (umas
bacias quase quadradas, com eixo, que serviriam para receber a areia no fundo
do poço e transportá-la até ao cimo, ao ritmo do mandador e montaram as
caçambas) e cabos/tirantes.
Questionou o Ti Manel acerca do ponto
onde queria que a areia fosse amontoada e deu inicio à montagem do seu
aparelho.
Um estrado de tábuas assentes em dois
pinheiros fortes, estrado este que permitia o trabalho de um homem caminhando
sobre ele e manobrando o pau da roldana por onde passava o cabo de aço que ia
ao fundo com a gamela vazia e a trazia cheia de areia para cima.
Enquanto ti Quintino montava as caçambas,
os bois, amarrados à roda do carro, iam comendo um feixe de palha para darem o
litro quando tal fosse nassairo.
É que eram estes que tinham a
incumbência de, num vai vem constante, para a frente e para traz, dar que fazer
aos homens que andavam no fundo a cavar e encher as caçambas. Também já estavam
habituados pois era esse o seu trabalho quase diário…
O pessoal ia chegando e Ti Manel ia
pedindo aqueles que lhe pareciam mais rijos que fossem para o poço, formassem
equipas para cada enxada (um ao olho outro ao cabo!) e dessem inicio a amontoar
a terra no meio do poço. Assim formou cinco pares e mandou os filhos lá para
baixo para, com enxadas e pás, encherem as caçambas, não dando parança aos
bois.
Sobre o estrado, estava um homem jovem,
rijo e fero como convinha, para rodar a vara guia com a gamela, tendo todo o
cuidado para não magoar nenhum homem lá em baixo, nem cá em cima às mulheres
que, munidas com enxadas, tinham por missão arredar para traz a areia que um
outro homem descarregava, revirando a gamela, num frenesim constante.
Começou a sair areia branca e
depositaram-na à parte. Logo ali se deu início ao amassar da cal e o mestre foi
para cima do balseiro receber a cal amassada, espalhá-la convenientemente sobre
o balseiro e depois assentar os adobes. É que assim tornava-se mais fácil fazer
com que o mesmo se fosse enterrando e impedindo que a areia lateral fosse
caindo para dentro do balseiro.
A água começou a aparecer aos dois
metros de profundidade, um remijo muito pequeno, mas não havia barro nem
palhão, sinal de que poderia ser um bom sítio de nascente. Não era esta água
que ia dificultar o trabalho dos homens…
Quando deu o meio dia, Ti Manel deu
ordens para todos subirem pois a Maria estava a chegar com a panela das sopas e
havia necessidade de aproveitar o tempo para deixar o poço emparedado.
Ti Quintino libertou os bois do cabo que
os ligava às caçambas e, mesmo com a canga no cachaço, foi pô-los à sombra,
amarrados a um pinheiro e com um feixe de palha na frente. Era o seu almoço.
Assim se fez e, pouco tempo depois,
todos estavam sentados na manta de retalhos e nas esteiras corridas, com um
prato no regaço, comendo avidamente umas ricas sopas de feijão seco, masturado
com batatas, coives e um punhado de arroz, cultivado nos alagamentos do Chão
Velho, e uns nacos de toicinho do porco que mataram no S. Martinho.
Não faltou o garrafão do parreirol para
animar e dar força aos braços…
Quando voltaram ao trabalho, iam mais
animaditos pois o descanso durante o almoço soube-lhes mesmo bem.
Voltaram aos seus lugares e a faina
voltou a acontecer. Ainda tiraram meia dúzia de gameladas de água para cima,
mas mesmo essas também traziam areia.
Com cinco fiadas de adobes em cima do
balseiro, a coisa começava a tomar forma de poço. A água agora fervilhava de
todo o lado, para alegria do ti Manel. Não dava parança aos homens, nem Ti
Quintino aos bois!
E assim andaram até perto das sete horas
da tarde…”
“…e adaptou uma zorra à grade para, com
os bois, achegar a areia para junto das paredes do poço. A restante seria
carreada para as partes mais baixas da terra, tornando-a assim toda nivelada e
melhor de trabalhar.
Agora urgia ir à cata de quem lhe
fizesse um engenho em condições e lho prantasse no poço antes do verão do ano
que vem. E assim fez. Falou com os amigos, num dia em que se encontravam a
beber um copo na taberna, e concluiu que não seria má ideia falar com o
Leonildo e apalavrar tal arte.
No dia seguinte deslocou-se, bem cedo, à
oficina do Leonildo e falou com ele. Combinaram ir ao poço para tirar medidas.
Acordaram que a corrente seria dupla, mais carote mas muito mais forte e
segura. O poço tinha quatro metros de diâmetro e quase seis de fundo.
Era um poço em condições e tudo levava a
crer que água nunca ali faltaria. Dava para ele e para os vizinhos que dela se
quisessem servir, recebendo por esse fato uma eventual renda com que não
contava!
Sabia sempre bem arrecadar duas ou três
rasas de milho, a mais que o que cultivava em cada ano.
Leonildo, mestre na arte do ferro e
latoaria, deu de imediato inicio à construção do engenho. Primeiro as rodas,
horizontal e vertical. Indicou-lhe onde poderia ir arranjar duas vigas de
ferro, carris de comboio uma com o comprimento de quatro metro e meio e outra
com o comprimento de quatro metros.
Alertou-o também para que não esquecesse
a passagem, em tubo largo e resistente, para ser pisada pelo gado e deixar
passar a água da almace. Quanto às vigas, podia até transportá-las para tão
perto do poço quanto possível, tinha lá bom espaço, e assim, não tinha depois
continas para as movimentar para o local onde iriam ser aparelhadas e depois
colocadas sobre as paredes do poço como convinha.
Ainda outubro não tinha acabado e já o
Leonildo o avisou que estava o engenho pronto para ser colocado no poço, com
corrente e tudo.
Ti Manel também já tinha no quintal os
carris para o suporte do engenho!
Só faltava acabar de fazer os alcatruzes
e a almaça.
Ti Manel apressou-se a falar e combinar
com os filhos e mais alguns amigos, o momento em que iriam assentar as vigas
nas paredes do poço. Aquilo era trabalho que requeria força para as movimentar
e colocar no sítio. A mais comprida ficaria exatamente no diâmetro do poço (a
parte mais larga deste, parede a parede!) e a outra ficaria a norte a uma
distância de um metro da primeira.
Leonildo mandou-lhe um mancal duplo
(horizontal e vertical, em simultâneo) e um simples para que o colocasse no
meio da viga grande do poço. Ele depois fixá-lo-ia de modo a que recebesse as
duas rodas do engenho, fixaria o paralelismo das vigas com uniões de ferro, que
as não deixariam tombar nem reduzir ou aumentar a distancia entre si.
Passada uma semana, surge um poço com um
engenho novinho em folha, todo pinchado como deve ser, faltando somente os
alcatruzes e almace. Só lhe faltava mesmo um animal para por ao cambão!…”
domingo, 29 de setembro de 2024
…
Á mulher que, munida de cantara de barro caneca
e prato de esmalte, vendia água nas feiras de Portomar e Mira, carregando-a á
cabeça das fontes mais próximas do local da feira: Descanso, Canto de Riba,
Meneza, Barrocas, Meio-alqueire, João Toito, Maceira, da Bica, e outras, apelidavam
de aguadeira. Vendiam água “á canecada”!
Muita gente vai ainda hoje às fontes em causa
abastecer-se, embora haja já abastecimento de água canalizada ao domicílio,
para consumo em casa.
Vestia saia e blusa de chita, cinta preta,
lenço de cachené, chapéu de pena, avental de popelina, algibeira para guardar o
dinheiro, (sim, porque a água, antes de ser bebida, tinha que ser paga! Tostão
cada canecada que ás vezes dava para matar ou amenizar a sede a três e quatro!)
calçando chinelo de celeiro.
Usava ainda rodilha de trapos para transporte
da cantara à cabeça, cantara de barro, prato e caneca de esmalte (o prato para
tapar a cantara e a caneca para medir a água).
Quando se deslocava para a fonte, lavava a
cantara à cabeça, mas deitada e o prato e a caneca na mão. Quando regressava da
fonte, rodilha na cabeça, cantara colocada sobre a mesma, prato de esmalte
tapando a cantara e caneca de esmalte de fundo ao ar, sobre o prato.
Raramente tinha necessidade de colocar a mão à
cantara para a equilibrar. A prática era tanta que quase era desnecessária tal
atitude.
Também foi homem que trabalhava de sol a sol
nas “ Olarias “ do Carvalho (pertença do ti Aurélio Redondo, do Ti Arménio
Rocha, do Ti João do Carvalho, do Ti Albano do Russo,...) locais onde se faziam
os adobes (blocos maciços, feitos de uma mistura de seixos rolados, de tamanhos
diferentes (areia grossa e gorda) com cal viva trazida por “ carreiros” (como o
Ti Amândio Oliveira, numa junta de bois) do Barracão, local onde existiam os
fornos que “ coziam” a dita cal, também denominada de “ cal flor”.
Eram usados para a construção da casa
Gandaresa, de muros de vedação, de poços (com balseiro ou só com cambota).
Existem ainda vestígios dos “ poços” (vulgar e
correntemente designados por covas de adobes) donde se extraía a areia em
causa, “ à formiga” (Trabalho coordenado, feito quase sempre por homens, era
duro, estes posicionavam-se por patamares, um ou dois em cada patamar, com
níveis diferentes de altura, quase sempre em linha ascendente, começando aqueles
que andavam no fundo da cova ou poço a “pazar” a areia para o patamar mais
próximo, que se situava mais perto do fundo e deste patamar outro onde outros
homens a passavam para o patamar seguinte, e assim sucessivamente até atingir a
superfície. Chegavam a retirar a areia de profundidades da ordem dos seis a
oito metros, em poços com diâmetro de cerca de trinta palmos (entre oito a dez
metros de diâmetro)!
Chegou a vestir calção de cotim até ao joelho com bolso atrás,
camisa de riscado, chapéu de palha, aba larga, lenço tabaqueiro ao pescoço (com
o qual limpava o suor, mais que muito atendendo ao esforço e condições e local
de trabalho:- “ óculos de sol”) e
quando lhe calhava ter de ir queimar a cal e misturá-la com a areia, calçava
botas feitas de câmaras de ar de rodas de camioneta, para proteger os pés e
pernas dos efeitos da cal viva ou flor.
Recorda com muita lucidez as formas dos adobes
(casa, muro, três quartas ou galgas) e a inseparável enxada de cem mil réis,
além do carro de mão e da padiola para transporte da massa. A cada trabalhador,
o patrão entregava um carro de mão, instrumento que ele tinha que ir mantendo
nas melhores condições para dar o máximo rendimento, já que tinha no mínimo que
acompanhar os colegas, não podendo deixar a sua “esteira” de adobes ficar atrás
dos demais no final do dia. Conta até que usava de artimanhas para tentar ficar
sempre com mais alguma massa no fim do dia: - era dos primeiros a tirar a
massa, tirando pouca, para acabar de gastar a carga mais cedo e aí, sim, na segunda
e terceiras voltas, carregar o carro “á molhelha” para poder render e ter de
amassar menos que os outros. Mesmo no trabalho, já havia manhas e manhas!
Tanto a meio da manhã
como a meio da tarde, os homens paravam alguns momentos para acomodar o estômago,
comer um naco de broa e um rabo de sardinha assada, muitas vezes gelada, mas
que sabia que era um primor.
A broa era cosida em
casa, uma vez por semana, fornada que tinha que dar para os sete dias, não
podendo ninguém da casa ser “desarrendado”.
Os moleiros ou moços dos donos dos moinhos,
homem ou mulher, recolhiam o milho de casa em casa, levavam-no para o moinho
onde era transformado em farinha pelas mós, movidas pela força do vento ou da
água. Faziam entrega da farinha correspondente na semana seguinte, depois de
ficar com a maquia, recolhendo novo taleigo de milho. Normalmente os sacos
possuíam marcas próprias de cada proprietário, que eram do conhecimento do
moleiro e/ou da moleira, sendo muito raro ocorrer a troca dos taleigos.
Utilizavam para o transporte dos sacos, um
burro ou uma besta, com albarda, mais tarde um carro de boi ou vaca.
Tanto quanto há conhecimento, havia moinhos de vento
e de água, nas Cabeças Verdes, pertencente ao ti Artur Capeloa e no Seixo,
próximo do quintal de Joaquim Oliveira, de vento, pertencente ao ti Parrano (?),
aos “Olívios” e, na Vala dos Almeidas, lá para os lados dos Sobrados, da Ti Luz
do Carlos.
Neste trabalho, o moleiro vestia calça e colete
de cotim, camisa de riscado, gorra ou bóina, cinta preta e lenço tabaqueiro ao
pescoço, calçando botas de atanado, isto inicialmente, pois mais tarde, para
poupar a roupa, usava calça e camisa de linho, branco, a farinha não se via
tanto e não era necessário lavar tanto a roupa, poupando-se em tempo, sabão e
no próprio tecido que durava muito mais!
Do traje fazia parte também um saco de linho
para transporte da taleigada ou arrumo da maquia.
Instrumento que nunca abandonava o moinho era o
picão para avivar as moentes e jazentes.
Se era criada ou moleira, vestia saia de fioco,
avental de riscado, blusa de gorgorina, cinta preta, lenço de cachené e chapéu
Gandarês, calçando tamancos, sem meias.
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